Servidor público da prefeitura de Criciúma manifestou-se em vídeo junto com a candidata a vereadora Manu Ceron, do União Brasil, acusando pressão política. Na gravação, o advogado Ademar Barbosa, que atua no gabinete do prefeito, informa que tinha férias vencidas desde fevereiro e que as tirou no período eleitoral para apoiar a candidatura de Manu.
Nesta sexta-feira (13), ele recebeu um comunicado para retornar ao trabalho na próxima segunda-feira (16), interrompendo o período de férias.
“ Como todos sabem, faz bastante tempo que eu assessoro o prefeito, eu trabalho no gabinete do prefeito e desde fevereiro eu tenho férias vencidas e eu posso fazer das minhas férias o que eu quiser então eu programei para tirar mais para frente as férias. Coincidiu que a Manu é candidata a vereadora e tirei férias mais para frente para sair com a Manu na campanha. Foi isso que a gente fez. Sai 30 dias de férias. Só que fui surpreendido com uma mensagem ou você retorna para a prefeitura na segunda-feira ou está exonerado. Mas no meu período de férias eu posso fazer o que eu quiser. Eu posso ficar 30 dias em casa , posso viajar os 30 dias e estão me impedindo de trabalhar na campanha, justamente por interesse político”, diz o advogado no vídeo.
A candidata a vereadora Manu Ceron completa a gravação acusando a atual administração de perseguição política. “Estão tentando nos calar. Porque estamos nas ruas. estamos levando o nosso nome e o nome do Vaguinho mais longe”, reforça.
Veja o vídeo:
Ocorre que após a prisão do prefeito Clésio Salvaro (PSD), quem assumiu interinamente o comando do Paço Municipal foi o vice, Ricardo Fabris (MDB). Procurado pelo blog, o prefeito interino confirmou a orientação para que todos os servidores que estão de férias por “orientação política” retornem ao trabalho na próxima segunda-feira (16), mas negou que haja qualquer ameaça de exoneração caso o servidor não retorne.
Ao ser questionado, ele reforçou que vai analisar caso a caso e há casos passíveis de exoneração.
Veja a última parte de entrevista concedida ao blog neste sábado:
KM- Então assim, mesmo que esteja fazendo campanha e decida que não vai voltar, não será exonerado. É isso?
Ricardo Fabris: Isso eu vou estudar na hora que voltar. Eu posso demitir sim. Por exemplo esse rapaz que foi de manifestar pelas redes sociais. Tem coisas que vou avaliar caso a caso.
Veja o comunicado oficial enviado a servidores da prefeitura de Criciúma:
A ENTREVISTA COMPLETA:
O prefeito interino Ricardo Fabris (MDB), concedeu uma longa entrevista ao blog na manhã deste sábado (14). Além de falar sobre o caso da orientação aos servidores que retiraram férias e estão em campanha política para que retornem ao trabalho, destacou que na próxima semana deve haver novidades em relação a Central Funerária em Criciúma:
CONFIRA NA ÍNTEGRA O QUE DISSE O PREFEITO INTERINO:
KM – Prefeito eu recebi aqui um comunicado da prefeitura sobre servidores que estão em férias terem que retornar ao trabalho na segunda-feira (16). Confere essa informação? Todos precisam retornar?
Foi feito em forma de comunicado?
KM – Sim, foi feito.
Sinceramente, não tem essa orientação para isso. Pedi para a secretaria-geral que aqueles que estivessem de férias por motivação política orientassem que retornassem, para tornar a situação o mais isenta possível. Eu não estou fazendo campanha. Eu não estou no palanque de ninguém. O Paulo foi lá falar comigo, o Tiago Zilli, e nós conversamos e eu expliquei para eles que eu não iria subir ao palanque, que não iria apoiar nenhum candidato, me manifestar. Então eu achei mais justo que todos aqueles que estão de férias por motivação política que retornassem também. Como eu não vou fazer, ninguém faz. Alguns retornaram. Tu tens esse comunicado ai Karina?
KM -Tenho, posso mandar. Também existe um vídeo de uma candidata a vereadora que fez um video junto com um servidor…
Ah sim, mandaram para mim, está tudo bem. Ela era funcionária do gabinete do Salvaro e agora é candidata a vereadora. Esse pessoal aí eu não vou responder. Vou responder por nossos atos. Eu não vi esse comunicado. E a conversa que eu tive não foi : demite. A conversa que eu tive foi: orienta para voltar. Porque se eu não estou apoiando ninguém, eu gostaria que ninguém apoiasse, ainda mais cargo comissionado e de confiança. Foi isso. Se colocaram que poderia ser demitido daí já foi por conta própria.
Mas se foi isso mesmo Karina, eu quero dizer para ti o seguinte: A orientação é que voltasse a trabalhar se algum momento alguém recebeu um comunicado se não voltar vai ser demitido… Se fosse para ter essa reação eu ficaria quieto. Deixaria para quando eles voltassem. Não precisaria fazer comunicado. Se fizeram um comunicado dizendo que haveria possibilidade de demissão peço desculpas as pessoas que foram atingidas. A orientação não muda.
KM – Só para ver se eu entendi. A orientação é que as pessoas voltem ao trabalho para que não haja uma conotação política. Mas não quer dizer que se não voltar será exonerado…
Não, não tem isso. E vou dizer para ti. Eu vi na lista ali e tem servidor que está licenciado, comissionado, que me apoiava para vereador. Mas a orientação é que todos que estejam em férias por orientação política, e a gente sabe que é, tanto que para mim veio dessa forma, que retornassem e seguissem a minha orientação. Eu não vou apoiar o Vaguinho, não vou apoiar o Ricardo, nem o Paulo Ferrarezi e nem ninguém ali. Então eu gostaria que cargos de confiança, comissionados, como é o meu mandato, que ficasse na prefeitura trabalhando normal. Se quiser fazer campanha depois do horário pode fazer. Tem gente que faz. Tem gente que voltou e faz isso. Sai da prefeitura e vai para a campanha, mas voltou para o trabalho.
Mas no caso ali esse video especifico sobre o rapaz que gravou, não respondendo ao video mas como falaram isso, eu gostaria de saber. O rapaz que falou no vídeo disse seguinte: que tem férias vencidas desde fevereiro e que tirou férias. É um direito que ele tem. As férias estavam vencidas…
Esse é o advogado Ademar do gabinete do prefeito e quando eu perguntei se ele tinha pego férias , ele tinha pego férias 30 dias para estar na campanha. Foi o que me responderam. Eu perguntei a ele. Vem cá, tu tá de férias? Eu entrei ele saiu de férias. Mas pegou férias agora? Aí disseram ele pegou férias, foi para a campanha e tal. E no momento que a cidade mais precisa, que o gabinete mais precisa o advogado pede férias.
KM -Ele é o advogado?
É. Do gabinete. Mas eu não vou discutir isso Karina.
KM – Sim, é que ele citou ali que…
Quero dizer para ti Karina que tem uma coisa muito mais importante: A Central Funerária, vou acertar ela…
KM – Como?
Estamos vendo. Tem uma comissão ali, terça-feira a Comissão terá uma reunião com a gente, eles vão vir com algumas sugestões e eu já tenho algumas decisões também. Então nós vamos fazer um encontro de contas na mesa, e um novo regramento para a Central Funerária. Vai ficar forte. A pessoa que vamos colocar lá, ela vai sair do setor dela, vai para lá e não é dessa área e vai para lá para acertar a casa.
KM – E quem é essa pessoa?
É uma funcionária. Estamos vendo quem vai substituí-la.
KM – Existe um Comissão ali que havia recomendado o fechamento?
Existe uma Comissão que é a Comissão Especial de Averiguação. Eu não sabia que tinha. Foi um dos integrantes que me encontrou no corredor e falou para mim da Comissão. E eu falei cara não conheço essa comissão, nunca tinha ouvido falar. E é verdade, não foi dado publicidade para ela. Eu perguntei ontem na reunião. Ninguém deu publicidade para essa comissão? Não, não deram. Então, são técnicos, da Procuradoria Geral do Município e Técnicos da Secretaria da Fazenda. Karina, é uma alta Comissão e é uma comissão que é deliberativa também. Quem assina sou eu, mas eles podem deliberar. Mas a orientação que eles passarem para mim, vai ser extremamente relevante, eu vou levar em consideração. Porque são altamente profissionais. A primeira reunião que eu tive com eles, já chegamos a quase uma solução. E eles estavam muito bem preparados e eles colocaram o dedo na ferida. Não é no contrato. Não, como é que vamos cortar o contrato? Vai vir uma discussão de uma outorga de R$ 7 milhões. Vamos ver quem vai assumir esse controle? A prefeitura? Eu não sei se a prefeitura tem condições de voltar a assumir a Central Funerária. Então estamos discutindo, mas a solução que estamos encontrando é bem legal.
KM – Então na semana que vem deve ter uma solução bem desenhada?
Bem desenhada, terça-feira. E esse caso ali, (da volta dos servidores), orientei: aqueles que estivessem de férias, retornem. Porque se eu não estou na campanha, porque outros estão na campanha? E a gente sabe quem está de férias e quem não está de férias. Por exemplo tem um rapaz que pegou férias porque ele foi para a lua de mel. Teve um outro que pegou férias porque é dele mesmo, ele não está nem em campanha eu acho. Eu sei o que ele está passando. Eu não vou levar em conta isso aí. Mas tem algumas que são figuras emblemáticas. Então eu queria que seguisse a linha. Agora se colocaram no comunicado dizendo que vai para a rua, eu vou dizer para ti, aí nós erramos. Ai eu peço desculpas a todos os servidores que foram atingidos.
KM – Então assim, mesmo que esteja fazendo campanha e decida que não vai voltar, não será exonerado. É isso?
Isso eu vou estudar na hora que voltar. Eu posso demitir sim. Por exemplo esse rapaz que foi de manifestar pelas redes sociais. Tem coisas que vou avaliar caso a caso.
KM – Então é só uma orientação para que as pessoas não tenham lado nesse momento delicado. É isso?
É muito delicado, eu estou pisando em ovos em tudo o que eu faço, em tudo o que eu assino, o pessoal lá dentro sabe. Minha mesa está acumulada de papel para assinar. Eu quero ler, quero ver. Pode ser por uma semana, por um mês mas eu preciso ter cuidado. Não vou responder para o Tribunal de Contas e outras coisas mais.
KM – Então está bom. Obrigada prefeito…
Só quero reforçar: Se foi um comunicado dizendo que quem não voltar vai para a rua, essa é a forma mais de intimidação que existe. Eu sou contra e aí eu peço desculpas aos funcionários que foram atingidos pelo comunicado. Mas quero dizer que a minha orientação não muda. O servidor que eu pedi para voltar, se quiser voltar volta. Não vai mudar.
Mas a Central Funerária vai ser legal. Se der tudo certo como eu quero e como a Comissão quer também eu acho que vou chamar uma coletiva Eu sei que o pessoal quer que eu rompa o contrato. Eu sei que quem me pede para romper o contrato, não é porque conhece a situação falei para o pessoal da imprensa não é o contrato que está sob investigação. É o processo licitatório. O contrato, se cumprir, ótimo. E é o que eu vou fazer . Eu sei que se eu decidir: vou romper o contrato. Eu já estou ajudando a condenar e estou decidindo uma eleição em Criciúma. Não vou fazer isso. esqueçam. E olha que eu recebo pedidos todos os dias. De todos os lados. Eu vou fazer aquilo que eu achar melhor. Agora se a justiça disser o seguinte: tem que romper o contrato. Daí é outra coisa porque tem uma funerária que ficou de fora e fez um extraoficial para mim. Eu não atendi ele, não vou atender e não li o documento.