O PDT de Santa Catarina não tem mais representante no Legislativo Estadual.O deputado Amauri Soares teve sua expulsão determinada durante o fim de semana, como há muito vinha sendo anunciado. Com a decisão concretizada, Soares emitiu nota oficial hoje sobre o assunto. Confira na íntegra:
Neste sábado, 28 de setembro de 2013, um grupo de pessoas que por ironia da história responde pela direção estadual do PDT se reuniu para deliberar pela expulsão deste deputado do partido que já foi de Leonel Brizola, de Darcy Ribeiro e de tantos outros abnegados. Eu, praça, fundador e primeiro presidente da APRASC, militante comunista eleito por duas vezes deputado estadual, recebo esta expulsão como uma agressão política, covarde e traiçoeira.
Por outro lado, paradoxalmente, nas circunstâncias em que ocorre, tal ato que só pode cobrir de vergonha os que o perpetraram, pois é um ataque vil à minha coerência e, assim, para mim uma honra. É também uma libertação.
Devo explicar porque, de certo modo, é para mim uma honra ser vítima deste ato covarde de expulsão. Em primeiro lugar, porque ele é um ataque extremado dos que, apesar de traficar com seu próprio ideário herdado, sabem que nunca iriam nos desviar de nossas convicções político-ideológicas e de uma prática coerente com a sólida identidade socialista.
Em segundo lugar, porque as pessoas que decidiram me expulsar abandonaram há muito tempo o melhor da tradição trabalhista: o legado brizolista, a batalha pelos interesses do povo brasileiro, a luta contra o imperialismo e qualquer verniz de luta pelo socialismo. É coerente que os que traem o melhor do seu passado também reneguem as suas alianças e amizades mais saudáveis.
Estas pessoas não têm nada a ver com a legião de valentes que em 1961 com Brizola enfrentou de metralhadoras nas mãos a tentativa de golpe contra a posse de Jango; não honram os patriotas do trabalhismo brasileiro que estiveram em Caparaó lutando contra a ditadura; não aprenderam nada da altivez política de líderes como e Leonel Brizola e de aliados como Luiz Carlos Prestes (homenageado com o título simbólico de presidente de honra do PDT).
Agora, consumada a decisão de expulsão, devo dizer que não deixa de ser um alívio desvincular totalmente meu nome de uma legenda que proporciona mais manchetes por episódios de suspeita de corrupção envolvendo dirigentes do que pela defesa de qualquer posição respeitável. Sempre nos demarcamos destas práticas, nítida e publicamente; mas conviver na mesma legenda e com certas pessoas já vinha causando confusão. Estamos nos libertando de um pesado e desnecessário fardo.
Mas já não vale a pena gastar tempo falando deles, pois o futuro nos convoca a tomadas de posições. É evidente que manteremos nossa coerência de defesa das lutas das classes trabalhadoras. Recompor o bloco histórico das forças sociais comprometidas com a transformação socialista da sociedade brasileira é a necessidade mais urgente, e dedicaremos todos os esforços nesta direção, em todas as trincheiras onde pudermos vir a atuar, na luta cotidiana das classes trabalhadoras e do povo oprimido, e também nos espaços institucionais.
Queremos agradecer aos pedetistas coerentes com a linha histórica de luta, com os quais tivemos o privilégio de conviver nestes anos. Seguiremos juntos na luta com os que sofrem e se revoltam contra as injustiças sociais. Contudo, vale lembrar que o mandato não é da direção do PDT e de ninguém em particular. O mandato é uma ferramenta política popular, conquistado com milhares de votos dos trabalhadores catarinenses. O mandato é de todos trabalhadores e, em especial, dos praças catarinenses.
O mandato é dos lutadores do povo, é dos que lutam por justiça social, por direitos e garantias sociais para os trabalhadores, por transporte público e direito à cidade, por moradia, por emprego, por terra, pela saúde e educação pública, por segurança e dignidade. Temos certeza que estas pessoas lutarão para garantir este mandato, para que ele continue cumprindo de modo destemido a sua função. O povo e a classe trabalhadora de Santa Catarina não permitirão que esse mandato seja usurpado, não admitirá que ele seja transformado em peça venal de um “balcão de negócios”, tal como parece ser a pretensão de alguns.
A sociedade e os meios de comunicação serão permanentemente informados de nosso passos e de nossa atuação, de forma transparente e democrática, como sempre tem sido nos últimos anos.
Florianópolis, 29 de setembro de 2013.
Deputado Sargento Amauri Soares