A Associação de Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina emitiu nesta quinta-feira (20), nota de repúdio a afirmações do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Durante evento em Brasília, o Ministro afirmou que “a polícia prende mal e o judiciário é obrigado a soltar”.
Na nota, a Acors avalia a fala como desrespeito ao trabalho desempenhado pelas forças policiais de todo o país .
“ Repudiamos com veemência a tentativa do Senhor Ministro Lewandowski de eximir o Poder Judiciário de sua responsabilidade no ciclo da criminalidade, utilizando as polícias como bode expiatório para justificar decisões que muitas vezes contrariam o clamor social por justiça”, diz um trecho do texto.
Veja a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL DA ACORS SOBRE DECLARAÇÃO PROFERIDA PELO MINISTRO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA RICARDO LEWANDOWISKI
A Associação de Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (ACORS) vem, por meio desta nota oficial, manifestar seu mais veemente repúdio às declarações do Senhor Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, proferidas no dia 19 de março de 2025, durante evento em Brasília. Ao afirmar que “a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”, o Senhor Ministro não apenas desrespeita o trabalho árduo, dedicado e muitas vezes heroico desempenhado pelas forças policiais de todo o país, mas também lança sobre elas uma sombra de descrédito que não condiz com a realidade enfrentada diariamente por esses profissionais em prol da segurança da sociedade brasileira.
Os profissionais da Segurança Pública de Santa Catarina, assim como em todo o território nacional, são compostas por homens e mulheres que dedicam suas vidas à proteção do cidadão, enfrentando adversidades que vão muito além do imaginável. São profissionais que, com coragem, determinação e um senso inabalável de dever, colocam-se na linha de frente contra a criminalidade, arriscando a própria integridade física e emocional para garantir que as ruas sejam mais seguras, que as famílias possam viver em paz e que a ordem pública seja mantida. Falar que “a polícia prende mal” é ignorar o esforço incansável desses agentes, que operam frequentemente em condições precárias, com recursos limitados e sob uma pressão constante para cumprir seu papel constitucional.
A ACORS destaca que as polícias de Santa Catarina têm se destacado nacionalmente por sua eficiência, organização e comprometimento. São inúmeros os casos em que operações bem-sucedidas resultaram na prisão de criminosos perigosos, no desmantelamento de quadrilhas organizadas e na apreensão de grandes quantidades de drogas e armas que ameaçavam a tranquilidade da população. Esses resultados não são fruto de um trabalho “mal feito”, mas sim de uma atuação pautada por técnica, planejamento e, acima de tudo, dedicação à causa pública. Cada prisão realizada é precedida de trabalho minucioso, abordagens estratégicas e um esforço conjunto que envolve desde o policial na rua até os oficiais que coordenam as ações, sempre com o objetivo de apresentar ao sistema de justiça elementos robustos para a manutenção da ordem e da segurança.
É inaceitável que o Senhor Ministro da Justiça, ocupante de um cargo que deveria ser o principal defensor das forças de segurança pública, opte por generalizar e desqualificar o trabalho policial, transferindo a responsabilidade por eventuais falhas no sistema de justiça exclusivamente para aqueles que estão na ponta, enfrentando o crime organizado e a violência urbana com as ferramentas que possuem. A soltura de criminosos não pode ser atribuída apenas à suposta qualidade das prisões realizadas pelas polícias. Trata-se de uma questão complexa que envolve todo o sistema de justiça criminal, incluindo a legislação muitas vezes leniente, a interpretação judicial e a falta de estrutura para a manutenção de presos, fatores que fogem completamente ao controle das instituições policiais.
A ACORS enaltece o papel das polícias militares e bombeiros militares de Santa Catarina como verdadeiros pilares da segurança pública. São profissionais que não medem esforços para proteger a sociedade, que saem de suas casas diariamente sabendo que podem não retornar, mas que, ainda assim, escolhem cumprir sua missão com honra e bravura. Quantas vezes não vimos nossos policiais e bombeiros militares atuarem em situações extremas, como desastres naturais, resgates em locais de difícil acesso ou confrontos diretos com criminosos fortemente armados? Quantas vidas foram salvas por esses homens e mulheres que, mesmo diante de críticas injustas, seguem firmes em seu propósito de servir e proteger?
Repudiamos com veemência a tentativa do Senhor Ministro Lewandowski de eximir o Poder Judiciário de sua responsabilidade no ciclo da criminalidade, utilizando as polícias como bode expiatório para justificar decisões que muitas vezes contrariam o clamor social por justiça. É preciso reconhecer que as forças policiais trabalham com afinco para cumprir a lei e entregar à Justiça os elementos necessários para a punição dos infratores. Se há solturas, elas decorrem de fatores que transcendem a atuação policial, como lacunas legislativas ou decisões judiciais que, por vezes, priorizam formalidades processuais em detrimento da segurança da população.
A ACORS reafirma seu compromisso com a valorização das polícias e bombeiros militares, e com a busca permanente da melhoria das condições de trabalho dos profissionais da segurança pública, exigindo respeito e reconhecimento por parte das autoridades constituídas. Não é possível aceitar que o trabalho de nossos policiais, que representam o que há de mais nobre na defesa da sociedade catarinense, seja reduzido a uma crítica simplista e desprovida de fundamento. A retratação pública do Senhor Ministro da Justiça e Segurança Pública, bem como uma postura mais responsável e condizente com o cargo que ocupa é necessária, principalmente para quem deveria prestar apoio e lutar para o fortalecimento das forças de segurança.
A ACORS reitera seu orgulho pela atuação das polícias e bombeiros militares de Santa Catarina e de todo o Brasil. Seguiremos firmes na luta por melhores condições de trabalho, por mais investimentos em segurança pública e pelo reconhecimento devido aqueles que dedicam suas vidas à proteção da sociedade. Que as tristes palavras do Senhor Ministro sirvam apenas como um lembrete da necessidade de união e fortalecimento das instituições policiais, e jamais como um reflexo da realidade do trabalho exemplar que os profissionais da segurança pública realizam todos os dias em todos os confins do nosso amado Brasil.
Florianópolis, 20 de março de 2025
DIRETORIA DA ACORS
SÉRGIO LUÍS SELL
Coronel QORR PMSC – Presidente da ACORS
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