João Rodrigues apresenta time
Há dois pontos no cenário político atual em Santa Catarina que são certeiros. O primeiro é que o evento realizado pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues no sábado é incontestavelmente uma demonstração de força. O segundo é que o evento distancia a possibilidade de aliança entre o PSD e o PL nas eleições do próximo ano em Santa Catarina. Não se trata de descartar. Todos sabemos que política provoca em suas curvas mais emoções que a própria montanha russa.
O prefeito João Rodrigues no entanto, mostrou quer tem time ao reunir cerca de cinco mil pessoas em uma cidade que talvez possa ser considerada como “ tão tão distante”. Ônibus de vários municípios do estado se deslocaram com lideranças em apoio a pré-candidatura de Rodrigues.
Para os que não conhecem a geografia de Santa catarina, a distância entre Chapecó e Florianópolis, capital do estado, é de quase 600 quilômetros. De Criciúma, de onde também saiu um ônibus, são 509 quilômetros. Mais que isso, estavam no evento os principais líderes políticos do PSD, como o presidente da sigla, Eron Giordani, o presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia, um dos políticos mais influentes do estado na atualidade, o ex-senador Jorge Bornhausen e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
Quando se fala em time, há de se lembrar que uma disputa eleitoral pode ser comparada ao futebol. Para vencer, é essencial que se tenha um time unido e estratégias bem desenhadas. João Rodrigues anunciou durante entrevista pouco antes do evento em Chapecó, que é um “caminho sem volta”, também voltou a afirmar que não é candidato ao senado, mas ao governo de Santa Catarina.
O prefeito adota estratégia em todas as suas falas, lincando-as com ideias da direita, que sempre defendeu, e com líderes como Jair Bolsonaro, seu amigo pessoal e o maior representante da direita no Brasil atualmente. Estratégia e time, João Rodrigues tem.
O caminho é longo e vai depender dos passos a serem trilhados, das companhias ao longo do caminho e do cenário político no fim de 2025 e início de 2026. Por outro lado, há no PSD pelo menos duas lideranças, uma delas licenciada do partido, que pretendem a união do PSD com o PL para as eleições do próximo ano.
Paralelo ao evento que acontecia em Chapecó, o secretário estadual de Articulação Internacional, Paulinho Bornhausen, licenciado do PSD, fez post em suas redes sociais afirmando que trabalha junto com o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto para unir o PSD e o PL. A tese de Paulinho é que a união é essencial em Santa Catarina para a evitar a ascensão da esquerda. Os articuladores da aliança com o PL no entanto, ainda não mostraram o seu time.
Eleição de 2022
Na eleição de 2022, quando Jorginho Mello (PL), foi eleito, havia dez candidatos ao governo de Santa Catarina: Jorginho representando a direita com apoio de Bolsonaro, Esperidião Amin (PP), com a mesma estratégia e tentando colar em Bolsonaro, o então governador Carlos Moisés pelo Republicanos, Gean Loureiro pelo União Brasil, Odair Tramontim pelo Novo e Décio Lima pelo PT. Também concorreram Jorge Boeira pelo PDT , professor Alex Alano pelo PSTU, Ralf Zimer pelo Pros e Leandro Borges pelo PCO.
Os votos da esquerda
O percentual de votos que o candidato do PT alcançou foi de 17,42%, o que o levou ao segundo turno. Ocorre no entanto, que esse percentual é a média de votos que o PT fez ao longo das últimas eleições em Santa Catarina. Cláudio Vignatti em 2014 fez 15,56%. Em 2010, Ideli Salvatti fez 21,90%. Nenhum deles chegou ao segundo turno. Não foi a esquerda que cresceu. Foi o excessivo número de candidatos que a colocou no segundo turno em 2022.
Caminho sem volta
Outro ponto a ser levado em consideração no cenário é que caso aconteça a união entre o PSD e o PL, não há espaço para João Rodrigues na chapa. Não por questão de escolha da vaga de senador, mas pelo caminho que ele está trilhando. João Rodrigues adotou o tom ácido com o governador Jorginho Mello, a quem não poupa críticas. E ele demonstrou isso na última semana, quando o governador visitou a cidade de Chapecó.
Os cabides
Há quem cite o famoso episódio dos cabides protagonizado por Raimundo Colombo no início dos anos 2000, para justificar a possibilidade de João Rodrigues ser candidato ao senado em chapa encabeçada por Jorginho Mello. Como presidente do PFL a época, ele criticava a descentralização do então governador Luiz Henrique da Silveira (MDB) com cabides sendo retirados de um armário em analogia a “cabides de emprego”nas regionais. Mesmo com a crítica, Colombo acabou como candidato ao senado em chapa encabeçada por Luiz Henrique em 2006. Pelo tom ácido adotado por João Rodrigues e pela personalidade dele e de Jorginho, o episódio dificilmente deve se repetir.
Clésio como vice
Durante o evento em Chapecó no fim de semana João Rodrigues citou o ex-prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro como seu possível vice. João Rodrigues reiterou no entanto, o mesmo que Salvaro havia afirmado em entrevista ao blog há alguns dias. Está pronto para ser candidato em 2026 mas não vai impor. Vai somente se o partido assim definir e em um cenário que seja para fortalecer a chapa. Leia mais aqui