Em meio ao embate entre o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, do PSDB e a Casan, o ex-presidente da Casan, Walmor de Luca avalia que o rompimento do contrato pode trazer conseqüências para a cidade, principalmente na questão do tratamento de esgoto.
Na entrevista que concedeu ao site e à coluna do DN ontem, em sua casa em Florianópolis, Walmor disse que ele, se fosse o prefeito de Criciúma, pensando no futuro da cidade e necessidade de se realizar o tratamento de esgoto, não romperia o contrato.
“Se pensar imediatista, agora, faria e ficaria um dinheiro em caixa da prefeitura”, raciocina. Mais que isso, o ex-presidente da Casan avalia o máximo de redução da taxa de esgoto é para 80% do valor da fatura de água.
Confira a entrevista:
Juridicamente é possível que se consiga fazer um consórcio de municípios para administrar a água da região?
Eu acho que é… e teria a Barragem junto… o sistema de água é altamente viável economicamente. Em termos de esgoto é problemático. Por que? Quem é que vai fazer as obras daqui para a frente? O que está feito é a parte mais fácil… está feito alguma coisa em Forquilhinha, feito alguma coisa em Siderópolis me parece…
Será possível reivindicar a barragem? Como?
Ficaria no consórcio… Siderópolis teria que estar junto no consórcio…
Siderópolis é essencial para o consórcio…
Eu acho que sim. Siderópolis tem que fazer parte. Se não fizer parte já complica
De quem é a Barragem hoje?
A Barragem é da Casan. mas foi feita com dinheiro do governo federal . Sendo feita com dinheiro do Governo Federal, eu acho que os municípios têm na verdade juridicamente uma ascendência sobre a Barragem também.
Conforme sua experiência como presidnete da Casan, se Criciúma sai, qual impacto financeiro para a Casan?
Eu , Criciúma não sairia por causa do futuro em questões de esgoto. A dificuldade de conseguir recursos para o futuro. Acho difícil. Agora, em termos de água é um bom negócio para o município. Se pensar só em água. Para a Casan é um problema delicado. Hoje a Casan está sustentada em quatro pilares: Florianópolis, São José, Criciúma e Chapecó. Você tirando um desses, em três sustenta? Criciúma saindo, pode provocar a saída de Chapecó. E aí, se acaba a Casan.
O sr considera possível a redução da taxa de esgoto em Criciúma, como o prefeito Clésio Salvaro reivindica?
É inviável …
Por que?
Porque a Casan, ela tem um custo e não só a Casan, o Brasil inteiro, que não pode pensar em menos… 80% é o limite. Teria que ser de 80 a 100%… Passar para 60%, os outros municípios vão querer o mesmo e aí inviabiliza a Casan.
Mas quem define o preço do esgoto não é a Agência Reguladora?
Sim, a Agência Reguladora Estadual. Fazer uma agência reguladora municipal eu acho que é uma forma apenas de driblar a legislação, arrumar pretexto para poder baixar… o problema é o seguinte: a agência reguladora, coloca uma municipal, ela passa para 60% a taxa de esgoto, a Casan para de fazer esgoto. Porque não tem rentabilidade econômica. O sistema de esgoto é caro, através de financiamento. Quem é que vai dar o dinheiro para financiar um esgoto sabendo que a arrecadação vai ser só de 60%? Não dá. Eu como prefeito de Criciúma, pensando no futuro, na necessidade de expandir o sistema de esgoto, não faria a municipalização. Se pensar imediatista, agora, faria e ficaria um dinheiro em caixa da prefeitura.
Mas então pode ter conseqüência futura?
Muito graves. O que o Paulo Meller fala é um pouco verdade. A estação de tratamento de Criciúma está no limite. Mas eu acho que a ampliação não é tão cara. Trazer mais água da Barragem eu não conheço bem esse sistema. Segundo a Casan, estudo antigo, precisaria. Segundo estudo feito pelo César de Luca, não precisaria. Ele disse que bastaria colocar mais bombas para jogar mais água, o que aumentaria a velocidade da água.
Existe uma municipalização recente na Amrec, em Morro da Fumaça, avaliada como de sucesso. O sr tem conhecimento desse caso?
Não conheço o que foi feito em Morro da Fumaça nos últimos anos. Conheço que o sistema de Morro da Fumaça é péssimo. É uma Estação da Tratamento que não fica no município de Morro da Fumaça, mas no município vizinho de Treze de Maio, altamente contaminado inclusive com cultura de arroz, agrotóxicos.