Ex-integrantes do PP de Urussanga comprovam que decisão de expulsar prefeito foi tardia - Karina Manarin

Ex-integrantes do PP de Urussanga comprovam que decisão de expulsar prefeito foi tardia

O PP de Urussanga definiu em reunião da executiva nesta semana, pela expulsão do prefeito Luiz Gustavo Cancellier e o vereador Tiago Muttini. Ambos foram presos em Operação da Delegacia de Combate à Corrupção e estão no Presídio Santa Augusta em Criciúma. 

A decisão no entanto, para o cenário político da cidade, foi tardia já que em 2021, logo após a deflagração da Operação Benedetta, integrantes do PP haviam solicitado posicionamento do partido, o que não aconteceu. 

Os mesmos que solicitaram o afastamento do partido na última terça-feira (16), teriam rejeitado qualquer manifestação desde 2021, e estiveram ao lado de Cancellier em seu retorno ao Paço Municipal e o defendendo no Legislativo. Só decidiram pela expulsão,  aos “45 do segundo tempo”, com a prisão do prefeito. 

Em carta enviada ao Jornal Vanguarda, de Urussanga, três ex-integrantes do PP, incluindo o ex-presidente Jaderson Roque, o Xero, relatam o ocorrido. A nota é assinada também por Clézio Freccia e Sergio Maccari Júnior. Todos se desfiliaram do partido na época. 

No relato, eles informam que no mesmo dia da Operação Benedetta, que resultou no afastamento do prefeito Luiz Gustavo Cancellier do cargo por um ano, Jaderson propôs uma reunião da executiva mas a maioria optou por aguardar alguns dias. 

Dez dias depois ocorreu uma reunião para que fosse apresentado posicionamento público e de emitir nota de apoio e solidariedade ao prefeito. No mesmo encontro, Sérgio Maccari Junior contrapôs a iniciativa alertando sobre informações e documentos com indícios de irregularidades.

O então tesoureiro do partido, Clézio Freccia, que inicialmente também estava sob investigação, chegou a sugerir mais adiante seu próprio afastamento do partido para não prejudicar os demais filiados. A condição era que todos os outros citados na investigação policial também recebessem o mesmo tratamento.  

De acordo com a carta, eles levaram a proposição à executiva em agosto para que o partido assumisse posicionamento público, o que foi rejeitado. Freccia no entanto, em decisão isolada, afastou-se. 

Em setembro, com manifestações da Polícia e da justiça pela inocência de Freccia o que o excluiu do processo, ele voltou a participar das atividades partidárias. Na ocasião, voltou a alertar sobre a necessidade de posicionamento do partido e afastamento dos envolvidos no processo, sem sucesso. O restante da executiva rejeitava a proposta. 

Nova reunião do partido no dia 15 de setembro daquele ano, dessa vez com a participação do prefeito Luiz Gustavo Cancellier e uma condição: que Clézio e Sérgio não poderiam participar. O argumento: os dois eram testemunhas no processo e o prefeito estava proibido de ter contato com testemunhas. 

“Naquele momento, ficou evidente que interesses pessoais e a conveniência de estar ao lado de alguém que poderia retornar ao poder estava acima de qualquer valor ético e moral de boa parte da executiva e que o partido e seus membros estariam expostos e associados a todo o desgaste público”, diz um trecho da nota assinada pelos ex-integrantes do PP. 

Com isso, os três apresentaram a desfiliação do partido junto com outras lideranças do PP que incluem quatro ex-presidentes da sigla.

Com base no relato, conclui-se que a situação do PP em Urussanga para as eleições deste ano não é favorável.

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