Na entrevista exclusiva que concedeu há pouco ao blog, o Governador Carlos Moisés da Silva, do PSL ao ser questionado sobre os R$ 33 milhões, afirmou que ele é o maior interessado na recuperação do dinheiro e quer que os responsáveis sejam apontados e julgados na forma da lei. Moisés reafirma que não há nos autos participação dele no episódio e pretende demonstrar isso no mérito do processo. O governador passou o domingo em reuniões e citou também na entrevista as ações de combate à pandemia de coronavírus.
Confira a entrevista a seguir:
O Sr deve ser notificado nesta segunda-feira sobre a votação que determina seu afastamento. Antes de sair, o Sr exonera secretários? Quais as ações o Sr planeja?
Vou atender ao comando judicial e transmitir o cargo da melhor e mais transparente forma possível para a vice-governadora, que na sua interinidade terá prerrogativa plena de fazer as alterações que julgue necessárias. Quem desejar pedir afastamento tem liberdade de fazê-lo.
Entendendo que nesse momento nossas energias – do governo, do legislativo e da sociedade, devam estar canalizadas para o combate ao coronavírus e para o atendimento das vítimas desse flagelo.
Na sexta-feira, durante o julgamento, passei o dia dedicado à saúde dos catarinenses. Além de participar de duas reuniões com os demais governadores, também fomos no Norte do Estado, que receberá mais leitos de UTI em Joinville e Rio Negrinho. Também sancionei a Lei 18.098/2021, que permite ao Governo do Estado comprar vacinas contra a Covid-19 diretamente dos fornecedores. Os imunizantes, prevê o projeto aprovado pela Assembleia, devem ser aprovados pela Anvisa e ter uma taxa global de ao menos 50% de eficiência.
Destaco também que com mais de 210 mil doses da vacina contra o coronavírus aplicadas na última semana, Santa Catarina mais que triplicou a velocidade da imunização. O número, que é uma comparação entre os boletins de 19 e 26 de março, representa um aumento de 3,7 vezes em relação ao ritmo anterior. O ganho de celeridade se deve à estratégia adotada pelo governador, de imunizar o máximo possível de catarinenses com a primeira dose, a fim de reduzir a incidência de casos graves de Covid-19. O Ministério da Saúde deu respaldo à iniciativa.
O Sr sempre declarou estar tranquilo quanto a votação do processo de impeachment… essa tranquilidade estava no voto dos deputados? Em algum momento o Sr imaginou o voto divergente de um deles?
A tranquilidade decorre do fato de a Polícia Federal ter investigado o caso à exaustão, e ter concluído, depois inclusive de busca e apreensão de aparelhos celulares e computador de minha propriedade e quebra de sigilo, que nunca houve sequer indícios de mínima participação minha no episódio, direta ou indiretamente, seja por ação ou omissão.
A tranquilidade vem da constatação de que o Ministério Público do Estado e o Tribunal de Contas do Estado, após minudente apuração de todas as circunstâncias que envolveram a compra dos ventiladores pulmonares terem, igualmente, reconhecido que não foi identificado nada, absolutamente nada que me ligue a essa fraude que lesou os catarinenses.
Sobre os votos dos deputados e dos magistrados, não cabe a mim tecer comentários, apenas aceitar e respeitar o posicionamento de cada um dos julgadores.
O motivo de seu afastamento é a questão dos respiradores e a pergunta que muitos fazem é: onde foram parar os 33 milhões… o Sr tem resposta para essa pergunta?
Entendo como legítima e compreensível a indignação dos catarinenses a respeito do episódio, sentimento que compartilho como cidadão que sou. Como tenho dito reiteradas vezes, o maior interessado na recuperação do dinheiro dos catarinenses chama-se Carlos Moisés da Silva.
Acompanho de perto o trabalho das autoridades responsáveis pela investigação, que já obtiveram êxito na recuperação de R$ 14 milhões, e desejo que os responsáveis por esse crime contra Santa Catarina sejam processados e julgados na forma da lei.
Na primeira vez, onde foi afastado por um mês… o Sr imagina por quanto tempo isso acontece dessa vez?
Essa é uma atribuição do Tribunal Misto sobre a qual não cabe a mim tecer considerações.
O Sr afirmou logo após a votação sobre sua crença na justiça e que não há justa causa para o afastamento. Qual sei próximo passo para comprovar isso e garantir o término de seu mandato?
O próximo passo é demonstrar, no julgamento do mérito do processo, que não há nos autos prova do meu envolvimento nesse lamentável episódio. Pelo contrário, como já disse, o que existe de concreto é reconhecimento dos órgãos de controle, PF, MPSC e TCE-SC de que não tenho qualquer envolvimento com a fraude, seja direto ou indireto, por ação ou omissão.
O Sr permanecerá nesse período na Casa da agronômica?
Sim.
(Com foto/Secom/Divulgação)