Exclusivo: Prefeito de Cocal revela que tentou tirar sua própria vida na prisão - Karina Manarin

Exclusivo: Prefeito de Cocal revela que tentou tirar sua própria vida na prisão

O prefeito de Cocal do Sul, Fernando de Fáveri (MDB), passou 29 dias no Presídio Santa Augusta. Ele foi preso na Operação “Fundraising”, no dia 19 de junho  e em entrevista ao blog nesta quinta-feira (25), contou que dividia a cela com outros 11 detentos que o impediram nas tentativas de tirar a própria vida. Na entrevista, o prefeito diz que vai provar sua inocência no processo, detalha o contrato que motivou a prisão e confirma que é pré-candidato à reeleição neste ano pelo MDB.

Veja a parte da entrevista onde Fernando de Fáveri confirma a pré-candidatura:

Alerta: Caso você ou alguém que você conheça tenha intenções semelhantes a relatada na matéria, não hesite em buscar ajuda. Qualquer um pode ser herói ao salvar uma vida. A sua ou a de outra pessoa. Entre os serviços prestados está o CVV que pode ser acessado através do link: https://cvv.org.br/

Confira a entrevista:

Qual o motivo da prisão?

Até hoje ainda não sei direito. O motivo,  a finalidade. Fui surpreendido na minha casa pelo Gaeco e fui muito solícito porque  consciência totalmente tranquila. Minha vida sempre foi pautada na integridade, trabalho desde os 14 anos, exerci inúmeras funções do estado. Para ter ideia, já fui gerente de contratos e licitações da Segurança Pública, que o orçamento era muito maior que tudo  o que tem de orçamento mensal em Cocal.Nunca existiu nada na minha vida.

A questão é: o contrato seu advogado argumentava que está regular e que é um contrato de valor baixo. Como é esse contrato? O que ele poderia ter de irregular?

Quando a gente vai para Brasília, principalmente na Marcha dos Prefeitos, tem inúmeras empresas que aparecem. Um software para educação e saúde, com ações, soluções, inúmeras empresas, e eu não gosto muito de viajar de avião e tal e a maioria das prefeituras do Brasil tem escritórios em Brasília.

O sr tinha esse escritório?

Então, esse escritório seria essa empresa. Ao invés de a gente ficar indo o tempo todo em Brasília, a função deles seria o que? Verificar o que os Ministérios tem de ações novas para recursos e eles encaminhavam para o município e nosso setor de convênios prepararia os documentos, mandaria para eles e eles protocolavam lá.

Foi isso que a prefeitura fez?

Era esse o objetivo.

Mas então a empresa cometeu alguma irregularidade?

Nós não gostamos do serviço que ela estava prestando. Tanto é que eu tinha falado com o nosso jurídico: rescinde esse contrato porque eu não estou gostando da empresa. Não tinha aquilo que foi apresentado.

Mas prisão por que?

Não sei. Não consigo entender. Mas aí o nosso jurídico disse assim: Não, não precisa rescindir porque já venceu o contrato. 

Mas então tinha alguma coisa errada com aquele contrato. Tanto que o sr mandou rescindir. É isso?

O contrato estava dentro das regras. Nada de irregular. Mas o serviço que eles ofereciam é mais ou menos assim: não era a Brastemp. Ele faziam mas não era o que foi apresentado para a gente, de agenda nos ministérios, de solucionar. Nós tínhamos um grande problema que eu queria resolver que era: Cocal precisa de um conjunto habitacional. Nós temos terreno e é o melhor projeto de conjunto habitacional de Santa Catarina segundo a Caixa Econômica, e não aprovavam em Brasília por conta do nosso IDH ser um dos mais altos. Injusto isso para o município. Então um dos objetivos era destravar isso em Brasília, por exemplo. E a coisa não andava. Era papel para lá, papel para cá mas não andava. Muito moroso.

Prefeito mas é assim, quando acontece um afastamento do cargo ainda é algo digamos mais leve. Quando é prisão, a impressão é que teve algo…

É, mas nunca existiu nada. Foi uma dispensa de licitação, orçamentos feitos, de R$ 48 mil. Pagamento em parcelas de R$ 6 mil. Eu acho que toda a operação, toda a pirotecnia custou mais que isso.

O sr acha que foi exagero?

Exagero? Nossa, o que fizeram comigo.. eu não tenho inimigos mas eu não desejo a ninguém. Porque é de uma crueldade. Foi o maior deserto da minha vida… 29 dias em saber exatamente porque eu estava lá. Primeiro: não desviei um real. Não existe corrupção da minha equipe, da minha parte perante isso. Pode ter erros legais? Não sei. Eu ainda não acompanhei. Mas ser humilhado do jeito que eu fui… E essa justiça que me condenou é a mesma que vai me inocentar. E genericamente eu fui acusado e pela grande maioria, culpado. Sem saber o que aconteceu. Na hora que eu fui detido, que primeiro eles me levaram para a Penitenciária, depois para a audiência de custódia, isso mostra um monte de irregularidades nisso tudo…

Mas o sr foi levado para onde primeiro?

Para o Santa Augusta.

Mas o sr foi direto para uma cela?

Então, mandaram trocar de roupa e bater as fotos, daí mandaram para a audiência de custódia, na audiência de custódia mandaram trocar a roupa de novo daí imaginei: Opa estão reparando o erro, vou ser solto. Daqui a pouco me levaram para o Santa Augusta e troca de roupa de novo, e ali me disseram que eu estava preso. 

E o sr ficou onde?

Fiquei em uma cela com mais 11 presos. 29 dias desse jeito.

E como o sr se sentiu? 

Todos os objetivos meus nos três primeiros dias era o sentimento que Deus tinha me abandonado. Eu só queria tirar a minha vida. Era só o que eu pensava: que a solução naquele momento, a vergonha que eu estava sentindo…porque eu tinha jurado para a minha mãe, para minha esposa para os meus filhos, que ele nunca na vida iriam se envergonhar de mim. Pelo pai que eu sou, pela pessoa que todos me conhecem…

De que forma o sr tentou?

Tentei me enforcar. Com a manga da camisa, com um fio… Mas os outros detentos não deixavam. Depois que eu fui entender porque eu estava ali. Eu acho que era esse o objetivo, para eles não deixarem que isso acontecesse. Que eu efetivasse essa ação. Porque até hoje eu não consigo entender. Há outros prefeitos que têm cada um que pague pelo que fez, tal…

O sr tem que pagar por alguma coisa?

A minha consciência estava tranquila, não existe nada de irregular, não existe propina, não existe um real de desvio. Eu não compreendo o porque dessa pirotecnia comigo é inconcebível.

Agora que o sr está solto, qual é o próximo passo?

Primeiro eu melhorar. Estou fazendo acompanhamento psicológico, psiquiátrico, com a minha esposa, com a família, para poder me sentir bem. O trauma, sons, ruídos, tudo me remete a quele sentimento lá dentro, que não sai. Tenho muita traumas ainda e estou melhorando. Hoje por exemplo jurei que não choro mais, é cabeça erguida porque a minha consciência está tranquila. Não existe. A Justiça vai provar isso. É lógico que paralelo a isso nossos advogados vão trabalhar nosso retorno. Porém, não tenho a certeza se o Erik pode ser meu vice ou não. Se o Erik não puder ser meu vice eu vou contemplar ele com o mandato. Porque o coitado vai ficar fora do jogo sem ter culpa também…

Mas o sr sairia de cena? Ele seria o candidato a prefeito?

Não, ele continuaria como prefeito talvez. Para eu contemplá-lo.Pode ser uma alternativa.

De qualquer forma, o sr é pré-candidato à reeleição…

Sim, com o PL, Republicanos,União Brasil e PSDB. Isso está definido. 

O sr com segue levar uma campanha adiante nessa situação? Abalado, tendo que fazer um tratamento?

A campanha eu vou ser bem sincero para ti. Estou me fortalecendo, e quem está me dando forças são os amigos. Os líderes religiosos, que todos se manifestaram. Quase todos, seja católico, evangélico, espírita, foram na minha casa me levar a palavras de conforto , por me conhecerem. Grandes empresários, pessoas simples da cidade. Todos que eu encontro trazem assim: Fernando a gente te conheces abe quem tu és, ergue a cabeça e vai. E vence essa eleição, que é a prova da justiça de que tu és sério, do governo realizador. 

O sr tem uma adversário forte, ex-prefeito Ademir Magagnin. O sr se sente forte para tentar vencer esse adversário que vem agora também fortalecido? Porque o sr viu uma situação difícil…

Olha, adversário a gente não escolhe. Adversário fica por conta da oposição que festejou a minha prisão. Eu tenho convicção no trabalho que fizemos. No nosso mandato, a gente fez mais que 30 anos de município. Os principais sonhos dos sul cocalenses a gente conseguiu fazer em três anos: O 24 horas, o asfalto para o interior, os indicadores na educação, estamos entre os cinco melhores do estado nas séries iniciais e finais, os indicadores da saúde,  o 24 horas, abrimos novas unidades de saúde, creches, consegui abrir a terceira e quarta área industrial, comprar a quinta área industrial. Levamos conhecimento e principalmente construção da maior creche.

Vai ser uma eleição de comparação, do que foi o Ademir e o que foi o Fernando?

Isso fica a critério do eleitor. É notório, isso a olho nu que foi a administração Fernando. A arena de Cocal, a Praça Coberta, o bombeiro que era um sonho de todo sul cocalense.

O sr considera que a prisão fortaleceu a sua pré-candidatura?

Eu não sei se uma prisão fortalece alguém ou prejudica. Eu sei que temos um trabalho prestado e o povo sabe quem é o Fernando. Sabre que o Fernando seria incapaz de mexer em um centavo. Eu sempre brincava. Rico eu não fico, fome eu não passo. Eu não preciso de dinheiro público, roubar verba, fazer alguma coisa para eu ter. Todo mundo sabe o modo simples que eu vivo, como é. A minha família é do comércio, como sempre foi a gente se mantém até hoje. Então não há necessidade disso. Eu sinto que estou injustiçado. Se isso vai beneficiar, se não vai, eu não sei…

Se o Erik não for o seu vice, qual vai ser? Continua sendo do PL?

Do PL. O PL que define, a vaga é deles. Nós temos apoio do governador, de toda a bancada dos nossos deputados e a decisão aí é por pesquisa, caso o Erik não puder ser. Fica a critério deles. Porque nós temos o respaldo dos outros três partidos junto, que aprovam essa situação. 

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