Stela Talamini (MDB), é a primeira prefeita eleita de Urussanga e somente por isso já escreveu seu nome na história do município. Entusiasta do impulsionamento do turismo e cultura, a prefeita antecipou em entrevista ao blog, que pretende valorizar o setor e promover mudanças em eventos como as Festas do Vinho e Ritorno Alle Origini.
Stela também falou sobre seu secretariado, o convite para um vereador assumir secretaria e antecipou que as pastas de Educação e Cultura devem ser geridas por mulheres.
Veja a entrevista:
O cenário da última eleições em Urussanga, foi atípico, com seis candidaturas. Sua avaliação dessa disputa:
Foi uma eleição muito diferente se considerarmos que Urussanga é uma cidade pequena, com uma população pequena com um número de eleitores de 17 mil mas os que realmente votam ficam em torno de 12 ou 13 mil. Imagina nesse universo dividir o voto para seis candidatos. Foi uma eleição bem disputada, mas acredito que todo esse cenário de seis partidos em Urussanga, tem a ver também com o que a cidade viveu. Nós tivemos uma turbulência grande nestes quatro anos, prefeito afastado… então tudo isso fez com que os partidos ficasse cada um com seu eleitorado. Acredito que criou dificuldades para coligações e isso eu faço uma leitura que foi importante para nós.
A sra avalia que Urussanga passou por um trauma ultimamente?
Passou. E isso era muito percebido nas visitas. Porque como eu e o Renato tivemos oportunidade de visitar, de estar nos bairros, nós percebemos isso. Tenho dito que nós conseguimos fazer essa escuta das vozes que vinham da rua. E essas vozes falavam muito em paz. Que a cidade precisa de paz, a cidade precisa de tranquilidade. E acredito que isso também fez com que nós levássemos para as pessoas essa possibilidade de ter um governo mais de paz, mais de tranquilidade, sem perder de vista que a cidade precisa crescer, prosperar porque tudo isso também trouxe um prejuízo de crescimento para a cidade e um problema muito forte que enfrentamos foi a questão da saúde. Não era 99% que estava descontente, era 100% .
O que especificamente no setor saúde?
Vários aspectos. O que especificamente mais estava incomodando era a questão das filas nos postos de saúde. Então eu caminho muito cedo e tenho um posto de saúde aqui perto de casa. Eu passo ali as cinco, cinco e meia da manhã e ali é um aglomerado de pessoas. Imagine que para estar ali as cinco, a pessoa teve que sair de casa às quatro. E ela fica ali até as oito da manhã para pegar um número para pegar uma receita, que é uma receita de um remédio de uso contínuo que no outro mês ela precisa pegar novamente.
E como muda isso? Qual o projeto agora?
Nós temos no nosso plano de governo o Telesaúde. É um dispositivo no celular que vai colaborar de forma muito significativa na diminuição dessa fila. Porque vai tirar aquela pessoa que está indo ali só para pegar um número para pegar uma receita, quando ela na verdade ela acaba ocupando o lugar de alguém que vai para uma consulta. Isso vai ajudar muito. Vai ajudar no agendamento de consultas para médico e dentistas e também disponibilizar uma receita digital. Além disso, nós também colocamos no plano de governo o terceiro turno, que visa ao atendimento de pessoas que trabalham durante o dia. E aqui tem outro ponto importante que nós também conseguimos captar em nossa caminhada. Urussanga tem uma população idosa bem significativa. E muitas dessas pessoas dependem dos filhos para levar para uma consulta. Então esse terceiro turno vai possibilitar que os filhos que trabalham o dia inteiro possam ter esse tempo para levar essas pessoas. A ideia é o atendimento até as dez da noite todos os dias. Vamos começar com um posto de saúde e se entendermos que precisa ser ampliado vamos avaliar.
Urussanga também tem um hospital, Nossa Senhora da Conceição e sabemos que a manutenção de um hospital demanda recursos e estrutura. A participação da prefeitura nessa questão:
A prefeitura já colabora com um valor para o hospital de Urussanga, pelo menos era assim, que ajuda a pagar o plantão. Então nós sabemos que esse plantão demanda muitas vezes de até dois médicos e já estivemos conversando com representantes do hospital e garantimos esse repasse. Firmamos também outra parceria que será importante: para que possamos estar com esse posto de saúde aberto até mais tarde, eles vão nos auxiliar com exames e o raio x. Claro que isso demanda mais um valor para ser repassado para o hospital, entendemos que é importante e poderá até mesmo reduzir a demanda de atendimento no hospital a noite. Se precisar de mais ações vamos avaliar. A saúde tem que funcionar. Claro que nunca estará “redonda” porque demandas novas sempre vão surgir. Mas o que não pode é uma pessoa esperar dois anos por uma exame. Encontramos pessoas que estavam há um ano e meio a espera de um ultrassom, que é considerado hoje um exame simples.
Via de regra a secretaria de saúde é um dos pilares de uma administração. A sra já tem um nome para ocupar essa secretaria que terá essa responsabilidade citada pela sra anteriormente?
Não temos ainda. É um nome que estamos analisando muito e algo que nós também analisamos nessa demanda é que não é só o remédio, a consulta, o exame. É também a questão humana, o atendimento. Então precisamos de uma pessoa que saiba trabalhar tudo isso. Para mim, é a secretaria que mais estou zelando por um bom nome.
Por falar me secretarias, como será a estrutura de seu governo? Terá uma Reforma Administrativa?
A ideia é começar enxuto, com algumas secretarias com secretários outras ainda não. Provavelmente vamos iniciar com Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura e Esporte e Turismo, Obras, Administração e Agricultura. Se lá na frente entendermos que precisa de mudanças vamos analisar conforme a demanda . Existem outras secretarias como a de Planejamento que por enquanto vão aguardar. Lá para março ou abril talvez possamos definir melhor.
Urussanga é um município com enorme potencial turístico mas ainda pouco explorado. Como será em seu governo o desenvolvimento do Turismo?
O que temos em questão de turismo, já está na cidade e nós só precisamos alavancar. Eu acredito muito na questão do turismo, da cultura, como indústria. Transformar em indústria mesmo. Que seja uma mola, uma máquina para trazer recursos para a cidade. Sempre se falou muito na cultura e vou dizer que há 20 ou 30 anos nós tivemos um momento muito rico e forte em Urussanga. Foi quando lançamos a Festa do Vinho anterior a isso a Festa do Ritorno… mas com o tempo isso foi desacelerando. Nós urussanguenses sabemos que outros municípios foram sobressaindo e nós acabamos encolhidos. Eu acredito muito. Vaja bem, em determinado tipo, um prefeito pode suplementar recursos de uma pasta para outra e geralmente é da cultura que tiram. Isso reflete não esteja sendo dada a devida importância para aquela pasta. Então, eu acredito muito e vamos investir forte ali. Durante muito tempo se falou em área industrial em Urussanga. Se deu início em uma área industrial que acho que agora está se instalando uma terceira empresa. Foram investidos milhões ali quando temos outras áreas onde quase não foi investido e onde há um concentrado de dez empresas. É importante ter? É. Futuramente talvez se deva avançar? Sim. Mas eu acredito muito no Turismo como indústria para que possamos alavancar. E nós teremos um carinho muito especial para essa pasta.
Qual será o tratamento para a Festa do Vinho?
Eu sou do Rotary e sempre trabalhamos dentro da Festa do Vinho. Sempre fomos chamados para avaliar uma festa ao final dela, ou para participar da organização mas as sugestões dificilmente são colocadas em prática. Nós temos que repensar nossa festa do Vinho. A minha opinião é que deveria ficar um ano Festa do Vinho e um ano Festa do Ritorno. Mas essa é a minha opinião. Mesmo nós talvez adotando esse calendário, penso que devemos tratar melhor a Festa do Vinho. Ela virou só uma festa de shows. Ela é uma festa cultural também, e nós devemos trabalhar ouvindo muito as entidades que estão lá dentro do parque, sem elas não se faz festa. Eu pretendo consultar os clubes de serviço, as instituições culturais. A festa do Ritorno também. Tínhamos festa onde aconteciam desfiles em um parque cuidados, decorado. Nós temos que envolver a comunidade, criar o espírito da festa nas pessoas. São ideias mas a intenção é ouvir. A intenção é também criar um calendário para o parque, definir datas.
Voltando um pouco para a questão política. A sra pensa em puxar algum vereador para alguma secretaria?
Nós vamos convidar. Até já fizemos isso, até para saber se poderíamos ter essa possibilidade. A princípio não tem nada positivo para isso.
Em Urussanga temos dois partidos tradicionais na cidade que disputam a prefeitura ao longo dos anos e são adversários políticos: o MDB, seu partido, e o PP. Após as eleições deste ano, aconteceu um acordo na Câmara entre os dois partidos para a eleição da mesa diretora. Como a sra avalia esse acordo entre os tradicionais adversários?
Essa busca para que houvesse esse apoio, foi uma iniciativa dos vereadores e do partido que analisaram algumas situações. Nós terminamos uma eleição com o PL fortemente adversário da gente. O PSD também. Essa busca pelo apoio na câmara se deu também porque o PP estava sendo procurado pelo PL pra compor.
E o fato de o PP recentemente ter tido um prefeito que foi preso e ter passado por toda essa situação que a sra mesmo classificou como traumática isso não pode daqui a pouco causar certo constrangimento?
É um discurso que eu sempre tive na vida. O problema não é o partido mas as pessoas que estão ali naquele momento. Então pode ter hoje uma situação em uma sigla e amanhã ou depois ter uma pessoa extremamente correta, honesta na mesma sigla. Temos histórias e histórias. Acredito que os vereadores ao fazer esse acordo pensaram em certa tranquilidade nesse primeiro momento e até na busca de mais paz, como a própria cidade reivindica. Não penso que talvez futuramente a gente tenha que ter um projeto tão equivocado que não vá ter o apoio dos outros. Mesmo porque, se vai encaminhar para a Câmara projetos que venham de encontro com aquilo que será bom para a cidade, para as pessoas. Não pretendemos encaminhar projetos que vão trazer algum benefício pessoal para um grupo ou setor.
A sra faz história como a primeira mulher a ser eleita prefeita de Urussanga. A sra pretende a valorização, colocando também mulheres em seu governo?
Eu fico honrada e orgulhosa de ter sido a primeira mulher eleita em 146 anos de história do município. Até durante a campanha surgiu uma frase que eu acabei usando muito quando encontrávamos mulheres: Mulheres agora é a nossa vez. Esse nossa vez colocava aquela cidadã no meu lugar. E eu sei o tamanho da responsabilidade porque infelizmente nós mulheres temos que provar o tempo todo que temos capacidade, que sabemos fazer, que damos conta. Eu quero fazer ainda melhor . Quero orgulhar principalmente as mulheres e que eu possa no futuro inspirar outras mulheres. E eu vou procurar ter mulheres na administração.
Então já anuncie a primeira mulher de seu governo…
Nós falamos muito dessa possibilidade de ter mais mulheres mas sem perder de vista que é democrático ter mulheres e homens. Não só as mulheres precisam ocupar todos os espaços. Acho que democracia é ter os dois. Já temos alguns nome pensados sim, mas não foi feito o convite ainda.
Mas quais secretarias devem ser ocupadas por mulheres?
Educação, Cultura devemos ter mulheres. Temos outras pastas mas ainda não formalizei o convite.