Desde que foi iniciado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina o processo de impeachment, a relevância da votação estava não nos 14 votos que o Governador precisaria para evitar que o processo prosseguisse mas nos 27 necessários para que que continuasse a tramitação.
Os 33 votos registrados no placar na última sexta-feira, e que remetem o futuro do Governo de Carlos Moisés, do PSL, a um Tribunal Misto, que deve ser formado ainda nesta semana, refletem os tropeços de um governo eleito com mais de 70% dos votos, base na Assembleia, apoio do Governo Federal com Bolsonaro, perdidos em pouco mais de um ano e meio de administração.
O discurso de economia de gastos públicos restrito a realização de lives em redes sociais não foi o suficiente para o convencimento sobre uma nova política, com novo jeito de governar. Aliás, o termo “nova Política” chegou a ser substituído por “boa política” há poucos dias.
Independente da questão jurídica, que argumenta o reajuste dos Procuradores e está em pauta no atual pedido de impeachment, há de se levar em consideração que Moisés tem mais oito pedidos de impeachment na Assembleia, além de ter enfrentado um CPI.
Pesa também o fato da compra dos respiradores ao custo de R$ 33 milhões pagos antecipados e sem a entrega dos aparelhos, o Hospital de Campanha em Itajaí e a possibilidade de uma crise, com a afirmação do Secretário da Fazenda de que não fosse os recursos enviados pelo Governo Federal a Folha de Pagamento dos Funcionários estaria atrasada.
Em todo esse cenário, há de se levar em consideração que os 33 votos, seis a mais do que determina a regra para autorizar a continuidade do impeachment, espelham a consequência de um governo lamentável, sem que terceiros possam ser apontados como culpados, ou seja, Moisés perde para ele mesmo.
