VÍDEO: O discurso que instiga reflexões - Karina Manarin

VÍDEO: O discurso que instiga reflexões

Tive a o privilégio de acompanhar de perto nesta semana a entrega do Prêmio Mulheres da Ciência, em Brasília. A honraria é concedida pela Câmara dos Deputados  a três mulheres que se destacam no país na área científica e entre elas está a reitora da Unesc, Luciane Ceretta única representante das Universidades Comunitárias do país. A indicação foi da deputada federal Geovânia de Sá (PSDB). Ao todo, foram indicadas 34 cientistas de todo o país. 

Discurso da reitora da Unesc, Luciane Ceretta instiga importantes reflexões

Além dela, receberam a premiação as cientistas Deborah Carvalho Malta, da Universidade Federal de Minas Gerais e Eliete Bouskela, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Refiro-me a privilégio porque estar em um evento e poder apreciar cada reação, observar as conversas em paralelo e sentir o que palavras provocam me concede certa autoridade para avaliar os desdobramentos. 

Vários são os prêmios que acompanhamos todos os dias e se pessoas são lembradas para recebê-los, significa que é o reconhecimento ao trabalho que desenvolvem. Neste em especial a ciência, um dos pilares mais importantes do desenvolvimento da humanidade, é o mote. Ciência foi a palavra talvez mais pronunciada nos últimos anos em razão de uma pandemia  que invadiu nossas vidas. 

Durante a entrega do prêmio, tal fato foi citado por algumas vezes tropeçando em algumas delas, em falas que penderam para a polarização política que vivenciamos nos últimos anos em nosso país.

O momento talvez fosse o de falar do trabalho desenvolvido pelas premiadas, destacar a relevância da ciência e enfatizar a importância de olhar para o futuro. 

Foi exatamente este o tom do discurso da reitora que acumula quase 150 artigos científicos, livros e capítulos de livros. Luciane Ceretta calou a plateia com suas palavras e despertou aplausos ao citar um a um os pesquisadores que dividem o trabalho com ela na Unesc. 

“Esse momento é representado pela pessoa que está aqui mas dedicado a cada um de vocês porque não se faz ciência sozinho nesse pais, ninguém pesquisa sozinho nesse país, ninguém pesquisa sozinho no mundo, não produzimos “papers” com autoria individual, mas com redes colaborativas”, enalteceu a premiada. 

Humildade, o primeiro preceitos dos grandes. A reitora foi gigante em seu discurso, repleto de mensagens que fazem refletir sobre as importantes conquistas de mulheres e sobre a ciência no Brasil e os motivos pelos quais ainda há necessidade de melhoras significativas. 

Em sua fala, a reitora  apresentou conceito amplo sobre as dificuldades enfrentadas por pesquisadores brasileiros sem estar limitada a encontrar culpados mas apontando soluções. 

“Fazer ciência nesse país tem sido ao longo dos anos um grande desafio: para homens e mulheres. Quer seja pela exiguidade de recursos disponíveis, quer seja pela falta de visibilidade que o cientista tem, quer seja pela baixa capacidade de reter os talentos nesse país”, disse em outro trecho do discurso. 

“ Então, todos aqueles e aquelas que estão trabalhando com a ciência são aqueles e aquelas que precisam muito que essa Câmara quando vai pensar agora toda a questão orçamentária verifique também a disponibilidade orçamentária para a produção de ciência”, emendou a reitora em meio a presença de autoridades que não se restringiram a deputados federais. 

Na seqüência, Luciane Ceretta destaca a necessidade de equidade de gênero citando números: 

“ Obviamente que temos uma questão histórica com relação as mulheres. Nós somos 28% dos cientistas no mundo, 28% dos cientistas mundiais são mulheres. Então se olharmos para isso temos que buscar compreender porque isso acontece. Temos obviamente uma questão de equidade de gênero a ser vencida em todas as áreas inclusive na ciência”, analisa. 

Discursos são partes significativas em qualquer evento mesmo que considerados vazios afinal, induzem recados e interpretações sobre o momento. 

A fala da reitora no entanto é o oposto de vazio, rica em palavras milimetricamente colocadas em seus lugares, condizentes com um grande momento para a região sul e para Santa Catarina, ampliando visibilidade através da liderança de uma mulher,  que conquistou com muito trabalho o espaço que hoje ocupa.

A reitora, cientista premiada, presidente da Acafe e integrante dos Conselhos Estadual e Federal de Educação é s a mulher mais influente da atualidade em Santa Catarina.

 

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